terça-feira, 7 de junho de 2016

O vermelho da esquerda e o verde e amarelo da direita


Certa vez um camarada questionou no facebook, porque a esquerda reivindica a cor vermelha, quando na verdade deveria reivindicar as cores da bandeira do Brasil, como a direita vem fazendo, daquela vez expliquei que isso se deve pelo fato do vermelho simbolizar a cor da luta, portanto da militância da classe trabalhadora (lembrando que existem partidos que se apropriam desta cor equivocadamente, uma vez que suas ações sucumbem ao capitalismo opressor da direita, quando aceitam doações milionárias de grandes corporações e ficam a serviço delas, por exemplo). 


Na época não soube responder bem ao indivíduo, pois bem, hoje lendo os pressupostos teóricos de Kathryn Woodward achei uma formulação de resposta para isso: "Algumas diferenças são marcadas, mas algumas diferenças podem ser obscurecidas; por exemplo, a afirmação da identidade nacional pode omitir diferenças de classe e diferenças de gênero" WOODWARD, in SILVA, p. 14, 2012).


Neste sentido, compreendo que as diferenças marcadas do vermelho para as cores da bandeira nacional são claras, mas aí que está o verde amarelo, tão reivindicado pela direita, serve para isso mesmo, para obscurecer as diferenças de classes (ricos capitalistas VS trabalhadores). 


Além disso, nesse processo, a reivindicação das cores da nação brasileira omite a diferença de gênero, pois os partidos de direita são e sempre serão essencialmente machistas, pois são coniventes com o processo transcendental da sociedade brasileira, ocidental, capitalista, judaico e cristã, tanto que, os candidatos majoritários da direita sempre são homens!


Desta maneira existe os partidos que reivindicam a "nova direita", tais quais permitem candidaturas do gênero feminino nas eleições majoritárias (presidente, por exemplo), na tentativa de dizer que não seguem o machismo institucionalizado pela sociedade brasileira capitalista. Na formulação do processo da nova direita ainda ocorrem casos mais bizarros, como o PMB (partido da mulher brasileira), o qual elegeu um único candidato HOMEM como deputado federal. E sim, a nova direita reivindica o verde e amarelo para justamente omitir e esconder suas verdadeiras pretensões de poder personalistas, pois na prática não se diferenciam das ações da direita, que insiste em jogar o peso da crise sobre a classe trabalhadora. Pois os partidos de direita e os de "nova direita", assim como outros que dizem ser de esquerda, quando praticam atos de direita, partem pelo mesmo princípio solucionador do déficit econômico do país: o famigerado ajuste fiscal.


 A diferença é que a direita escancara o ajuste fiscal e a perca de direitos trabalhistas como primeira possibilidade, a nova direita também, mas com outros rótulos (ajustes e percas de direitos trabalhistas de impactos gradativos), a esquerda com ações de direita tenta impedir ajustes fiscais negociando com políticos de direita, escolhendo quais direitos a classe trabalhadora deve perder em prol da governabilidade.



 Já a esquerda de verdade (PSOL, PCB e PSTU) dá outras alternativas, como a taxações das grandes fortunas, pois não aceita ajuste fiscal e perca de direitos sobre a classe trabalhadora, a qual já tem alta carga tributária, sem contar que tais ajustes servem demasiadamente para pagar juros da dívida pública, que nunca tem auditoria. Tal impedimento da auditoria pública foi orientado pelo voto a favor do veto de Dilma (PT) e contra a auditoria da dívida pública pelos partidos de direita (PMDB, PEN, PP, PTB, PSC, PR, DEM, PSDB, PSB, PSD, PTN, PTdoB, PSL, SD e PHS) no início do segundo mandato da presidenta Dilma (PT), tal demanda de votos foi para o desconhecimento público sobre uma dívida que o povo não sabe quanto falta a pagar e pra quem está devendo.



(Bruno Heidy Uyetaqui)